Além de Bolsonaro: 5 vezes que o Brasil virou capa de revista gringa

A recente capa da revista britânica The Economist sobre Jair Bolsonaro colocou o Brasil novamente sob os holofotes internacionais. A publicação, que analisou o julgamento do ex-presidente como uma “lição de democracia”, provocou debates e mostrou como a imagem do país no exterior é um termômetro sensível dos nossos acontecimentos internos.

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Contudo, essa não é a primeira vez que o Brasil estampa as manchetes globais de forma tão impactante. Ao longo das últimas décadas, a imprensa estrangeira retratou o país de diversas maneiras, refletindo tanto seus momentos de glória quanto suas crises mais profundas. De potências econômicas a ícones culturais, as capas funcionam como um espelho de como o mundo nos vê.

O foguete do Cristo Redentor na The Economist

Em novembro de 2009, a mesma The Economist publicou uma de suas capas mais icônicas sobre o Brasil. A imagem trazia o Cristo Redentor decolando como um foguete, sob o título “Brazil takes off” (O Brasil decola). A metáfora visual era poderosa e capturava com perfeição o espírito da época.

Naquele período, o país vivia o auge de um ciclo de crescimento econômico robusto. Com a descoberta do pré-sal, a estabilidade monetária consolidada e a expansão do crédito, o Brasil era visto como uma das grandes promessas globais. O otimismo era tanto que o país havia sido escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

A capa da revista britânica não apenas refletiu esse cenário, mas também o validou para o público internacional. Ela se tornou um símbolo do status brasileiro de potência emergente, solidificando a percepção de que o “país do futuro” finalmente havia chegado. O impacto foi tão grande que a imagem é lembrada até hoje como o marco de uma era de esperança e projeção global.

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Lula, o líder mais influente do mundo para a Time

Poucos meses depois, em maio de 2010, foi a vez da revista norte-americana Time dedicar sua capa a uma figura brasileira. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi destaque na edição anual das 100 pessoas mais influentes do mundo, sendo apontado como o principal líder da lista.

A reportagem, intitulada “The 2010 Time 100”, trazia um perfil do presidente escrito pelo cineasta Michael Moore, que o descrevia como um “verdadeiro filho da classe trabalhadora”. A escolha refletia o prestígio internacional de Lula, que combinava políticas de inclusão social com uma diplomacia ativa e assertiva.

Naquele momento, o Brasil se posicionava como um ator importante no cenário mundial, mediando discussões e fortalecendo laços com outros países em desenvolvimento. A capa da Time coroou essa trajetória, apresentando o líder brasileiro como um modelo de governança para o século XXI e, por extensão, o Brasil como um exemplo de sucesso social e político.

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Dilma Rousseff entre os titãs do poder global

A sucessora de Lula, Dilma Rousseff, também ganhou destaque na imprensa internacional. Em 2012, ela apareceu na capa da revista norte-americana Newsweek, que a descreveu como a mulher que comandava a sexta maior economia do mundo. A imagem a mostrava em uma pose firme, simbolizando sua liderança em um país em ascensão.

Naquele ano, Dilma também foi listada pela revista Forbes como a terceira mulher mais poderosa do mundo. Sua presença nas capas e listas internacionais consolidava a imagem de um Brasil moderno, que não apenas crescia economicamente, mas também avançava em representatividade ao eleger sua primeira presidente mulher.

A cobertura internacional sobre Dilma Rousseff nos primeiros anos de seu mandato reforçava a narrativa de continuidade do sucesso brasileiro. Ela era vista como a gestora que daria seguimento aos avanços sociais e econômicos, mantendo o país na rota do desenvolvimento e da relevância global.

A queda do gigante, também na The Economist

O otimismo, no entanto, não durou para sempre. Em setembro de 2013, The Economist voltou a usar o Cristo Redentor em sua capa, mas desta vez a imagem era o oposto da decolagem. O monumento aparecia em uma espiral descendente, prestes a cair, com a manchete “Has Brazil blown it?” (O Brasil estragou tudo?).

A capa marcava uma virada drástica na percepção internacional sobre o país. A economia dava sinais claros de desaceleração, a inflação voltava a preocupar e grandes protestos de rua haviam exposto uma profunda insatisfação social. A revista questionava se o Brasil havia desperdiçado a oportunidade única de se consolidar como uma potência.

Essa publicação simbolizou o fim do ciclo de euforia. Três anos depois, em 2016, a mesma revista publicaria uma capa com a faixa presidencial brasileira rasgada e o título “Brazil’s fall” (A queda do Brasil), em meio à crise do impeachment de Dilma Rousseff. As duas edições, juntas, contam a história de uma ascensão e queda vertiginosas.

Gisele Bündchen como símbolo de um Brasil que dá certo

Nem só de política e economia vive a imagem do Brasil no exterior. A cultura e o “soft power” também desempenham um papel fundamental, e ninguém personifica isso melhor do que Gisele Bündchen. A supermodelo estampou inúmeras capas de revistas internacionais, mas uma das mais emblemáticas foi a da Vogue Paris em junho de 2013.

Fotografada nua e com uma estética natural, a capa celebrava seu corpo e sua carreira. Gisele representa um Brasil que é sinônimo de beleza, sucesso e consciência ambiental. Sua trajetória de uma jovem do interior do Rio Grande do Sul a uma das modelos mais bem-sucedidas da história é uma narrativa poderosa.

Ao longo de mais de duas décadas, suas capas na Vogue, Vanity Fair e outras publicações de peso ajudaram a construir uma imagem positiva e aspiracional do Brasil. Ela se tornou um dos maiores produtos de exportação do país, mostrando que a influência brasileira vai muito além das commodities e das decisões tomadas em Brasília.

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