Quito, a capital do Equador, aninhada nos Andes a 2.850 metros de altitude, oferece muito mais do que seu impressionante centro histórico colonial, considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A verdadeira alma de Quito pode ser encontrada em seus sabores e aromas, em uma culinária que é um reflexo direto de sua geografia e história.
Os pratos são marcados pela generosidade dos ingredientes andinos, como batatas, milho e grãos, combinados com influências espanholas e técnicas que foram passadas de geração em geração.
Locro de Papa: o abraço andino em forma de sopa
Um dos pratos mais emblemáticos e reconfortantes do Equador é o locro de papa. Trata-se de uma sopa cremosa e espessa feita com um tipo específico de batata que se desmancha durante o cozimento, conferindo uma textura aveludada ao caldo.
É uma receita que aquece o corpo e a alma, perfeita para o clima ameno da serra andina. A simplicidade dos ingredientes esconde uma complexidade de sabores que surpreende o paladar.
Normalmente, o locro de papa é servido bem quente, finalizado com queijo fresco esfarelado e fatias de abacate. Essa combinação adiciona camadas de sabor e cremosidade, transformando uma sopa simples em uma refeição completa e nutritiva.

É um prato encontrado em praticamente todos os restaurantes de Quito, desde os mais simples até os mais sofisticados, sendo um verdadeiro pilar da identidade gastronômica local.
Fritada: a tradição do porco em pequenos pedaços
A fritada é um prato festivo, sinônimo de reuniões familiares e celebrações no Equador. O nome pode enganar, pois não se trata de uma fritura por imersão.
A carne de porco é cozida lentamente em água com temperos como alho, cebola e cominho até que todo o líquido evapore.
Depois, os pedaços são dourados na própria gordura, resultando em uma carne incrivelmente macia por dentro e com uma casquinha crocante por fora.
O prato é servido em porções generosas, acompanhado de uma variedade de guarnições que equilibram sua intensidade.
Entre os acompanhamentos mais comuns estão o mote (grãos de milho cozidos), llapingachos (pequenos bolinhos de batata recheados com queijo e grelhados), banana-da-terra frita e um curtido de cebola e tomate, uma espécie de vinagrete que corta a gordura da carne com sua acidez. É uma experiência culinária robusta e cheia de tradição.
Ceviche Equatoriano: uma versão única do clássico latino
Quem pensa que todo ceviche é peruano, feito com peixe cru marinado no limão, terá uma grande surpresa ao provar a versão equatoriana.
O camarão, principal ingrediente da receita mais popular, é cozido antes de ser misturado aos outros componentes. O resultado é um prato que se assemelha mais a uma sopa fria, servido em uma tigela com um caldo abundante.

O molho é uma mistura vibrante de suco de laranja, suco de limão, coentro, pimentão e muita cebola roxa fatiada finamente. A doçura da laranja equilibra a acidez do limão, criando um sabor único.
Para acompanhar, os equatorianos têm um costume peculiar: servem o ceviche com pipoca (canguil) ou milho tostado (chulpi), que adicionam uma crocância deliciosa a cada colherada. É um prato refrescante e surpreendente.
Empanadas de Viento: o lanche que infla de sabor
As empanadas de viento são um clássico da comida de rua e dos cafés de Quito.
Seu nome, que significa “empanadas de vento”, descreve perfeitamente sua principal característica: a massa fina e crocante que infla como um balão ao ser frita, deixando um grande espaço oco em seu interior.
Elas são consideravelmente maiores que as empanadas de outros países sul-americanos, tornando-se um lanche substancial.

O recheio é simples, geralmente composto apenas por queijo fresco que derrete com o calor. O toque final, e que define o sabor agridoce do prato, é a generosa camada de açúcar polvilhada por cima logo após a fritura.
Essa combinação de massa crocante, queijo derretido e o doce do açúcar cria uma experiência sensorial única. É o lanche perfeito para acompanhar um café ou um chocolate quente no final da tarde.
Seco de Chivo: o ensopado que atravessa gerações
O seco de chivo é um ensopado robusto e aromático, tradicionalmente preparado com carne de cabrito ou cordeiro. O nome “seco” é curioso, pois o prato é servido com um molho abundante e saboroso.
Acredita-se que o nome venha de uma antiga técnica de cozinhar a carne até que quase todo o líquido seque, para depois adicionar os demais ingredientes do molho. O resultado é uma carne extremamente macia, que se desfaz na boca.
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O segredo do sabor está no molho, que leva uma combinação de cerveja, suco de naranjilla (uma fruta cítrica local), tomate, pimentão e especiarias.
A naranjilla confere uma acidez particular que diferencia este prato de outros ensopados.
Geralmente, o seco de chivo é servido com arroz amarelo, tingido com açafrão-da-terra, fatias de abacate e banana-da-terra madura frita, completando um prato rico em sabores e texturas.

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