7 cidades históricas de Minas que limitam caminhões para proteger ruas

Trânsito de veículos pesados é restrito no centro histórico de Ouro Preto

A discussão sobre a cobrança de uma taxa para caminhões circularem em Caeté, cidade de Minas Gerais ,trouxe à tona um desafio antigo no estado: como conciliar o desenvolvimento e a logística moderna com a preservação de um patrimônio histórico inestimável. A verdade é que, muito antes de se falar em pedágio urbano, diversos municípios mineiros já implementaram medidas rigorosas para proteger suas ruas seculares e construções coloniais.

Essas cidades, berços da história do Brasil, enfrentam o mesmo dilema. Suas ruas estreitas, calçadas com pedras há séculos, e casarões com fundações frágeis não foram projetados para suportar o peso e a vibração de veículos pesados. Para garantir que esse legado permaneça de pé para as próximas gerações, a solução foi criar regras claras que limitam o tráfego de caminhões em suas áreas mais sensíveis. Conheça sete delas e as regras que adotaram.

Ouro Preto

Reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, Ouro Preto talvez seja o exemplo mais emblemático de restrição ao tráfego pesado. A cidade proíbe a circulação de caminhões e ônibus de turismo em praticamente todo o seu centro histórico. O relevo acidentado, com ladeiras íngremes e ruas muito estreitas, torna a passagem desses veículos perigosa e destrutiva.

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As regras são rígidas. Veículos de carga com peso bruto total superior a cinco toneladas são proibidos de transitar na área delimitada. A carga e descarga para o comércio local é permitida apenas em horários específicos, geralmente de madrugada ou no início da manhã, e deve ser feita por veículos menores, como VUCs (Veículo Urbano de Carga).

Tiradentes

Com seu charme colonial e um dos conjuntos arquitetônicos mais bem preservados do país, Tiradentes também adota medidas para proteger seu centro histórico. A circulação de caminhões é controlada para evitar danos ao calçamento pé de moleque e às estruturas dos casarões do século 18. A trepidação causada por veículos pesados pode causar rachaduras e danos estruturais irreversíveis.

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A prefeitura proíbe o tráfego de caminhões com mais de duas toneladas na área central. Existem bolsões de estacionamento nos arredores, onde os veículos maiores devem parar. A distribuição de mercadorias é feita com carros menores ou em horários de baixo movimento de turistas, garantindo a tranquilidade que é uma das marcas da cidade.

Diamantina

Outro Patrimônio Cultural da Humanidade, Diamantina tem um centro histórico compacto e com ruas de pedra que contam a história do ciclo dos diamantes. Para preservar essa atmosfera, a circulação de veículos pesados é severamente limitada. A topografia irregular e as vias apertadas são incompatíveis com o trânsito de caminhões.

As regras locais restringem o acesso de veículos com mais de três eixos ou com peso superior a sete toneladas. As operações de carga e descarga são permitidas apenas em horários pré-determinados, fora dos períodos de pico. A fiscalização busca garantir que o calçamento histórico e as fachadas dos casarões não sofram com o impacto do tráfego.

Mariana

Tráfego de veículos pesados é vetado no centro histórico de Mariana (Foto: Edernon Marcos Pereira/Governo de Minas Gerais/direitos reservados)

Primeira capital de Minas Gerais, Mariana possui um patrimônio arquitetônico e histórico riquíssimo, com praças e igrejas que são verdadeiras joias do barroco. A cidade implementou uma zona de restrição no centro histórico para veículos de grande porte. A medida visa proteger as edificações e a estrutura das ruas, que são particularmente vulneráveis.

Veículos com comprimento superior a 6,5 metros ou peso bruto acima de sete toneladas são proibidos de circular na região central. Para abastecer o comércio, a prefeitura estabeleceu horários específicos, normalmente entre 6h e 9h da manhã, e exige o uso de veículos de menor porte para a distribuição final dos produtos.

São João del-Rei

Conhecida por seus sinos, suas igrejas e sua forte tradição musical, São João del-Rei também protege seu legado. A área central, que concentra o principal conjunto arquitetônico da cidade, possui regras claras para a circulação de caminhões. O objetivo é reduzir o desgaste do pavimento histórico e minimizar os riscos para as construções seculares.

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A legislação municipal impede o tráfego de caminhões com peso bruto total superior a dez toneladas nas vias do centro histórico. A carga e descarga seguem um cronograma específico, concentrado no período da manhã, para não interferir no fluxo de pedestres e veículos leves ao longo do dia.

Congonhas

A cidade que abriga a obra-prima de Aleijadinho, os Doze Profetas, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, também reconhecido pela Unesco, tem uma preocupação especial com a vibração do solo. O tráfego de veículos pesados nas proximidades do santuário é controlado para evitar que trepidações possam, a longo prazo, danificar as esculturas e a estrutura das capelas.

Existem rotas de desvio para o tráfego pesado, que é proibido de passar pela alameda que dá acesso ao santuário e por ruas do entorno. O controle é essencial não apenas para a preservação do patrimônio, mas também para garantir a segurança e a experiência dos milhares de peregrinos e turistas que visitam o local anualmente.

Sabará

Uma das cidades mais antigas de Minas, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, Sabará preserva um centro histórico com ruelas e casarões que remontam ao início do ciclo do ouro. Para manter a integridade desse patrimônio, a prefeitura estabeleceu uma zona de máxima restrição à circulação de caminhões.

No coração da cidade, apenas veículos de carga de pequeno porte são autorizados a circular, e somente para abastecimento do comércio local em horários definidos. Caminhões maiores são direcionados para vias alternativas, contornando a área histórica e garantindo que o charme e a tranquilidade de ruas como a Dom Pedro II sejam mantidos.

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