Fumaça de incêndio faz mal? Saiba os riscos e como se proteger

Nos últimos dias os incêndios que aconteceram em São Paula e Belo Horizonte acendem um alerta aos riscos da fumaça

A fumaça densa que cobre partes da cidade de São Paulo, originada por um incêndio de grandes proporções na região da Lapa, levanta uma preocupação imediata: respirar esse ar faz mal? Em Belo Horizonte, nos últimos dias também tivemos registos de incêndios em fábricas e regiões de mata próximo ao Aeroporto Internacional de Confins.

A resposta é sim, e os riscos vão além de um simples incômodo, como tosse ou irritação nos olhos.

A inalação dos componentes liberados pela queima de materiais industriais, por exemplo, pode provocar desde reações alérgicas até quadros respiratórios graves. Entender a composição dessa fumaça e saber como se proteger é fundamental para minimizar os danos à saúde, especialmente para os grupos mais vulneráveis.

O que torna a fumaça de um incêndio perigosa?

A fumaça gerada em incêndios urbanos, principalmente em galpões e fábricas, é uma mistura complexa de gases tóxicos e partículas finas. Diferente da fumaça de uma queimada de vegetação, ela contém substâncias químicas resultantes da combustão de plásticos, borrachas, solventes e outros produtos industriais.

Entre os principais componentes nocivos estão o monóxido de carbono, que reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio, e o material particulado fino (conhecido como PM2.5). Essas partículas minúsculas penetram profundamente nos pulmões e podem até entrar na corrente sanguínea, causando inflamação e problemas cardiovasculares.

Outras substâncias perigosas, como cianeto e compostos orgânicos voláteis, também podem estar presentes. A combinação desses elementos cria um coquetel tóxico que agride o sistema respiratório e pode afetar outras partes do corpo.

Quais são os sintomas imediatos?

Os efeitos da exposição à fumaça podem ser sentidos rapidamente. Os sintomas mais comuns e imediatos servem como um alerta do corpo de que algo está errado. Fique atento a sinais como:

  • Irritação nos olhos, com vermelhidão e lacrimejamento.
  • Sensação de ardência no nariz e na garganta.
  • Tosse seca e persistente.
  • Falta de ar ou dificuldade para respirar.
  • Dor de cabeça, tontura e náuseas.

Para pessoas com doenças respiratórias preexistentes, como asma ou bronquite, a exposição à fumaça pode desencadear crises agudas, com chiado no peito e falta de ar intensa, exigindo atenção médica imediata.

Grupos de risco: quem precisa de mais atenção?

Embora a fumaça seja prejudicial para todos, alguns grupos são considerados mais vulneráveis aos seus efeitos. A atenção deve ser redobrada com crianças, cujos pulmões ainda estão em desenvolvimento, e idosos, que geralmente possuem um sistema respiratório e cardiovascular mais sensível.

Gestantes também fazem parte do grupo de risco, pois a exposição a toxinas pode afetar o desenvolvimento do feto. Indivíduos com doenças crônicas, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bronquite, enfisema ou problemas cardíacos, correm um risco maior de complicações graves.

Fogo em áreas industriais ou residenciais podem gerar fumaça com elementos mais tóxicos.
(Foto: Freepik)

Como se proteger da fumaça do incêndio

Adotar medidas simples pode fazer uma grande diferença para proteger sua saúde e a de sua família enquanto a qualidade do ar estiver comprometida. A principal recomendação é limitar a exposição.

Veja as principais dicas de proteção:

  • Fique em casa: A melhor forma de evitar a inalação da fumaça é permanecer em ambientes fechados. Mantenha portas e janelas bem vedadas para impedir a entrada do ar externo contaminado.
  • Use purificadores de ar: Se você tiver um purificador de ar com filtro HEPA, use-o. Ele é eficaz na remoção de partículas finas do ambiente interno, melhorando a qualidade do ar que você respira.
  • Evite atividades físicas ao ar livre: Exercícios aumentam a frequência respiratória, o que faz com que você inale mais ar e, consequentemente, mais poluentes. Adie a corrida ou a caminhada para quando a situação melhorar.
  • Use a máscara correta: Se precisar sair, use uma máscara do tipo PFF2 ou N95. Elas possuem uma capacidade de filtragem superior e podem reter as partículas finas da fumaça. Máscaras de pano ou cirúrgicas não oferecem proteção adequada neste caso.
  • Mantenha-se hidratado: Beber bastante água ajuda a manter as vias respiratórias hidratadas e a diluir o muco, facilitando a eliminação de partículas inaladas.
  • Observe os sintomas: Monitore seu estado de saúde. Se sentir falta de ar intensa, dor no peito, tontura forte ou confusão mental, procure atendimento médico imediatamente.

A fumaça de um incêndio pode causar problemas a longo prazo?

Sim, a exposição intensa ou repetida à fumaça tóxica pode levar a complicações de saúde que se manifestam mais tarde.

Danos aos pulmões podem resultar em uma redução da função pulmonar e aumentar o risco de desenvolver doenças crônicas, como a DPOC.

Máscaras de pano ou cirúrgicas ajudam contra a fumaça?

Não de forma eficaz. Esses tipos de máscara não são projetados para filtrar as partículas finas e os gases tóxicos presentes na fumaça.

Para uma proteção adequada, o ideal é usar máscaras com certificação PFF2 ou N95, que vedam melhor o rosto e filtram partículas muito pequenas.

O que fazer se o cheiro de fumaça entrar em casa?

Se o cheiro de fumaça invadir sua casa, reforce a vedação de portas e janelas. Uma dica é usar toalhas molhadas nas frestas.

Ligue purificadores de ar, se tiver. Evite usar ventiladores que puxem o ar de fora para dentro do ambiente.

Crianças e idosos precisam de cuidados especiais?

Sim, sem dúvida. O sistema respiratório das crianças ainda está em formação, e o dos idosos costuma ser mais frágil.

É fundamental mantê-los em locais bem protegidos, observando qualquer sinal de dificuldade respiratória ou desconforto.

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