A imagem de uma idosa de 73 anos sendo atingida por uma moto na calçada, em Minas Gerais, chocou o país. O motociclista fugiu sem prestar socorro, um ato que expõe a violência no trânsito e também a extrema vulnerabilidade de uma parcela crescente da população: os pedestres da terceira idade.
O episódio acende um alerta sobre um problema cotidiano e muitas vezes silencioso. Com o envelhecimento, o corpo passa por transformações naturais que tornam tarefas simples, como atravessar a rua, um desafio. A combinação de reflexos mais lentos, audição e visão reduzidas e mobilidade comprometida cria um cenário de alto risco nas cidades.
As consequências de um atropelamento para uma pessoa idosa são desproporcionais. A fragilidade óssea, característica comum do envelhecimento, transforma uma queda ou um impacto leve em fraturas graves. A recuperação é mais lenta e complexa, muitas vezes resultando em perda de autonomia e um declínio acentuado na qualidade de vida.
O impacto não é só físico. O trauma psicológico pode gerar medo de sair de casa, isolamento social e depressão. A independência, conquistada ao longo de uma vida, pode ser perdida em um instante, tornando o idoso dependente de familiares ou cuidadores para atividades que antes eram rotineiras.
Principais riscos e como evitá-los
Entender os fatores que aumentam o perigo é o primeiro passo para a prevenção. Para os idosos, a diminuição da velocidade de reação é um ponto crítico. O tempo necessário para perceber um veículo se aproximando e tomar uma decisão é maior, o que pode ser fatal em cruzamentos ou vias movimentadas.
Além disso, problemas de visão, como catarata ou glaucoma, dificultam a avaliação de distâncias e da velocidade dos carros. A perda auditiva também impede que o som de uma buzina ou de um motor seja um sinal de alerta eficaz. Muitas vezes, o idoso só percebe o perigo quando é tarde demais.
A infraestrutura das cidades raramente é pensada para eles. Calçadas irregulares, com buracos e obstáculos, aumentam o risco de quedas e forçam o pedestre a caminhar na rua. Semáforos com tempos curtos para travessia e a falta de faixas de pedestres bem sinalizadas e respeitadas completam o cenário adverso.
Felizmente, atitudes simples podem fazer uma grande diferença na segurança. Adotar uma postura preventiva é fundamental tanto para os pedestres quanto para os motoristas.
Para o pedestre idoso, algumas dicas são valiosas:
- Use a faixa: sempre procure atravessar na faixa de pedestres. Se não houver, escolha um local com boa visibilidade, longe de curvas e esquinas;
- Contato visual: antes de atravessar, tente fazer contato visual com os motoristas; certifique-se de que eles notaram sua presença e que irão parar;
- Caminhe com atenção: evite distrações como o uso de celular. Mantenha o foco total no ambiente ao seu redor, observando e ouvindo o trânsito;
- Cores claras: prefira usar roupas de cores claras ou vibrantes, especialmente à noite. Elas aumentam sua visibilidade para os condutores;
- Calçados seguros: opte por sapatos confortáveis, com sola de borracha e que fiquem firmes nos pés para evitar tropeços e escorregões.
A responsabilidade, no entanto, é compartilhada. Motoristas precisam redobrar a atenção e adotar uma condução defensiva, principalmente em áreas com grande circulação de pessoas, como perto de hospitais, praças e centros comerciais.
Reduzir a velocidade, respeitar a sinalização e ter paciência são obrigações de quem está ao volante. Um pedestre idoso pode precisar de mais tempo para completar a travessia, e é dever do motorista aguardar com segurança. A pressa no trânsito pode custar uma vida.
O que fazer em caso de acidente?
Presenciar ou se envolver em um atropelamento exige calma e ação rápida. A primeira e mais importante medida é prestar socorro. O Código de Trânsito Brasileiro considera crime a omissão de socorro, com pena de detenção de seis meses a um ano ou multa.
Acione imediatamente os serviços de emergência, como o SAMU (192) ou o Corpo de Bombeiros (193). Informe o local exato do acidente e o estado aparente da vítima. É fundamental não movimentar a pessoa ferida, pois um movimento inadequado pode agravar lesões na coluna ou em outras partes do corpo.
Sinalize o local para evitar novos acidentes. Use o triângulo de segurança do carro ou outros objetos visíveis para alertar os demais motoristas. Se possível, permaneça ao lado da vítima, tentando acalmá-la até a chegada do socorro profissional.
Por que idosos são mais vulneráveis a atropelamentos?
Idosos são mais suscetíveis a acidentes de trânsito devido a uma combinação de fatores fisiológicos relacionados ao envelhecimento.
A redução natural dos reflexos, da acuidade visual e da audição diminui a capacidade de perceber e reagir rapidamente a perigos.
Quais são as lesões mais comuns em idosos atropelados?
As lesões mais frequentes são fraturas, principalmente no quadril, fêmur e bacia, devido à maior fragilidade óssea, como a osteoporose.
Traumatismos cranianos também são comuns e apresentam alto risco. A recuperação dessas lesões costuma ser mais lenta e complexa.

Como um pedestre idoso pode se proteger no trânsito?
A proteção começa com a prevenção. É essencial usar sempre a faixa de pedestres e só atravessar quando o sinal estiver aberto para os pedestres.
Fazer contato visual com os motoristas, usar roupas claras para ser mais visível e evitar distrações, como o celular, são atitudes cruciais.
O que motoristas podem fazer para evitar acidentes com idosos?
Motoristas devem praticar a direção defensiva, reduzindo a velocidade em áreas residenciais, perto de hospitais ou centros comerciais.
É fundamental ter paciência e ceder a passagem, lembrando que pedestres idosos podem levar mais tempo para atravessar a rua.

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