Outros 4 estilistas italianos que mudaram a história da moda

A moda mundial sentiu o impacto do falecimento do estilista Giorgio Armani, um nome que se tornou sinônimo de elegância e sofisticação. Sua trajetória reforça o poder inigualável da Itália como um centro criativo que moldou o guarda-roupa global por décadas. O país, no entanto, foi o berço de muitos outros visionários que, assim como ele, romperam barreiras e estabeleceram novos padrões de luxo.

Enquanto Armani construía um império baseado em alfaiataria impecável e cores neutras, outros estilistas italianos exploravam caminhos diferentes, mas igualmente revolucionários. Eles usaram a moda como uma plataforma para expressar ideias sobre arte, poder feminino, glamour e cultura pop. Conhecer suas histórias é entender a diversidade e a riqueza do design italiano.

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Gianni Versace

Gianni Versace foi pioneiro na união entre moda e cultura pop
Mondadori Portfolio / Getty Images

Se Armani representava a sobriedade, Gianni Versace era a personificação da opulência e da audácia. Nascido na Calábria, no sul da Itália, ele fundou sua marca em 1978 e rapidamente a transformou em um símbolo de excesso, sensualidade e poder. Sua moda era vibrante, ousada e feita para ser notada.

Versace buscou inspiração na mitologia grega e na arte clássica, adotando a Medusa como logotipo. A figura, que petrificava quem a olhasse, simbolizava a mulher forte e perigosa que ele queria vestir. Suas coleções eram repletas de estampas barrocas, cores saturadas, couro e correntes douradas, criando uma estética inconfundível.

Vestido da Versace, mascardo pela característica da cor dourada
DIMITAR DILKOFF

Ele foi pioneiro na união entre moda e cultura pop, entendendo o poder das celebridades para alavancar uma marca. Ao vestir estrelas como Madonna, Elton John e a princesa Diana, ele consolidou sua imagem global. Versace também é creditado por ajudar a criar o fenômeno das supermodelos nos anos 90, pagando cachês altíssimos para ter Naomi Campbell, Cindy Crawford e Linda Evangelista em seus desfiles.

O legado de Versace vai além das roupas. Ele criou um estilo de vida completo, com linhas de decoração, perfumes e hotéis.

Miuccia Prada

Miuccia é conhecida por seu conceito de “ugly chic”
Reprodução/Jamie McCarthy/Getty Images

Miuccia Prada oferece um contraponto intelectual à exuberância de muitos de seus conterrâneos. Quando assumiu a empresa de artigos de couro de sua família em 1978, a Prada era uma marca tradicional e respeitada, mas sem grande expressão na moda. Com uma abordagem subversiva, ela a transformou em uma das forças mais influentes do setor.

Sua grande virada aconteceu nos anos 80, com o lançamento de uma mochila de náilon preto. Em uma era dominada pelo luxo ostensivo, usar um material industrial e utilitário para um item de moda foi um ato radical. A peça se tornou um sucesso imediato e definiu a filosofia de Miucci, desafiar as noções convencionais de beleza e valor.

Coleção de inverno da Prada, no Milão Fashion Week
PIERO CRUCIATTI

A estilista é conhecida por seu conceito de “ugly chic” (chique feio), que questiona o que é considerado bonito. Suas coleções frequentemente apresentam combinações de cores inusitadas, tecidos tecnológicos e silhuetas desconstruídas. Para ela, a moda é uma ferramenta para expressar ideias complexas sobre sociedade, política e feminilidade.

Coleção primavera - verão da Prada no Milão Fashion Week
PIERO CRUCIATTI

Ao contrário de estilistas que buscam apenas embelezar, Miuccia Prada busca provocar e fazer pensar. Ela provou que a moda pode ser inteligente e conceitual, influenciando gerações de designers a pensar além do óbvio e a encontrar beleza no inesperado.

Valentino Garavani

Valentino Clemente Ludovico Garavani, entrou no mundo da moda na década de 60
Reprodução/InStyle.com

Valentino Garavani é o mestre da alta-costura e do glamour atemporal. Desde a fundação de sua maison em Roma, em 1960, ele se dedicou a criar uma moda que exala feminilidade, sofisticação e perfeição técnica. Seu nome está associado a uma elegância clássica que transcende tendências passageiras.

A cor que define seu trabalho é o “Vermelho Valentino”, um tom vibrante e específico de vermelho que se tornou sua assinatura. A cor foi inspirada em uma viagem a Barcelona, onde ele ficou fascinado com os vestidos das mulheres na ópera. Desde então, o vermelho se tornou um elemento constante em suas criações, simbolizando paixão e força.

Valentino se tornou o designer preferido de realezas, primeiras-damas e estrelas de Hollywood. Ele vestiu Jacqueline Kennedy para seu casamento com Aristóteles Onassis e criou peças icônicas para atrizes como Elizabeth Taylor e Audrey Hepburn. Seus vestidos de gala, com bordados detalhados, laços e caimentos perfeitos, são sinônimos do tapete vermelho.

A cor que define o trabalho do estilista é o “Vermelho Valentino”
FRANCOIS MORI

Mesmo após sua aposentadoria em 2007, o legado de Valentino continua. A marca, hoje sob outra direção criativa, mantém seu status como um pilar do luxo, celebrando a beleza e a arte da alta-costura que seu fundador estabeleceu com maestria.

Elsa Schiaparelli

Schiaparelli via a moda como uma forma de arte
Getty Images

Nenhuma lista de grandes estilistas italianos estaria completa sem Elsa Schiaparelli. Contemporânea e principal rival de Coco Chanel, ela foi uma das figuras mais inovadoras da moda na primeira metade do século XX. Sua abordagem era ousada, artística e profundamente conectada ao movimento surrealista.

Schiaparelli via a moda como uma forma de arte e colaborou com grandes artistas de sua época, principalmente Salvador Dalí. Dessa parceria nasceram algumas das peças mais famosas da história, como o “Vestido Lagosta” e o “Chapéu-Sapato”. Eram criações que chocavam e divertiam, quebrando a formalidade da moda parisiense.

“Vestido Lagosta” e o “Chapéu-Sapato, criações de Elsa Schiaparelli
Reprodução schiaparelli.com / Philadelphia Museum of Art e Emo/Palais Galliera/Fundação Gala-Salvador Dalí/Reprodução

Ela foi responsável por várias inovações. Popularizou o uso do zíper, transformando-o de um fecho funcional para um elemento decorativo visível. Também criou a cor “rosa shocking”, um tom de magenta intenso que se tornou sua marca registrada. Suas coleções eram temáticas e teatrais, muito antes de isso se tornar comum.

Embora sua maison tenha fechado em 1954, a influência de Schiaparelli nunca desapareceu. Seu trabalho abriu caminho para uma moda mais experimental e conceitual. A marca foi relançada em 2012 e hoje volta a ser destaque nos tapetes vermelhos, provando que a visão de sua fundadora continua relevante e inspiradora.

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