5 grandes rios do Brasil que também pedem socorro contra a poluição

A seguir, veja cinco grandes rios brasileiros que, assim como o Paraopeba, pedem socorro contra a poluição.

A recente mortandade de mais de quatro mil peixes no Rio Paraopeba, em Minas Gerais, trouxe de volta um alerta urgente sobre a saúde dos rios brasileiros. A suspeita de contaminação química, somada aos impactos ainda presentes do rompimento da barragem de Brumadinho, expõe uma ferida que vai além de uma única bacia hidrográfica.

O cenário no Paraopeba, infelizmente, não é uma exceção. Diversos outros rios, essenciais para o abastecimento de grandes cidades, para a economia e para o equilíbrio de ecossistemas, enfrentam batalhas diárias contra o descaso. Esgoto doméstico, resíduos industriais, agrotóxicos e o lixo são alguns dos vilões que transformam águas cristalinas em fontes de doenças e morte.

Conhecer a realidade desses gigantes é o primeiro passo para entender a dimensão do problema e a necessidade de ações imediatas. A seguir, apresentamos cinco grandes rios brasileiros que, assim como o Paraopeba, pedem socorro contra a poluição.

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Rio Tietê: o espelho da poluição urbana

A mancha de poluição, trecho onde a concentração de oxigênio é praticamente zero, impede a vida aquática
Carlos Nardi de Getty Images

Talvez o caso mais emblemático de poluição hídrica no Brasil, o Rio Tietê corta o estado mais populoso do país, São Paulo. Embora sua nascente, em Salesópolis, seja de água pura, a passagem pela região metropolitana da capital transforma drasticamente sua condição. O rio se torna um canal a céu aberto para esgoto doméstico e resíduos industriais.

A mancha de poluição, trecho onde a concentração de oxigênio é praticamente zero, impede a vida aquática e gera um odor forte que afeta milhões de pessoas. O principal problema é o lançamento de esgoto sem tratamento de cidades ao longo de seu curso. A falta de saneamento básico em muitas áreas contribui diretamente para essa degradação.

Projetos de despoluição, como o Projeto Tietê, existem há décadas e apresentaram avanços, mas a um ritmo lento. A mancha de poluição diminuiu em extensão, mas a qualidade da água em pontos críticos ainda é considerada péssima. A recuperação total depende de investimentos contínuos em saneamento e de uma fiscalização mais rigorosa sobre o descarte industrial.

Rio Doce: as cicatrizes de um desastre

A lama tóxica, rica em metais pesados, destruiu distritos, matou 19 pessoas e devastou a vida aquática
Marina Gattas de Getty Images

A bacia do Rio Doce carrega as marcas do maior desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em 2015. A tragédia despejou milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro ao longo de mais de 600 quilômetros do rio, até sua foz no Espírito Santo.

A lama tóxica, rica em metais pesados, destruiu distritos, matou 19 pessoas e devastou a vida aquática. O ecossistema foi profundamente alterado, com a contaminação do solo, da água e dos peixes. Comunidades ribeirinhas e de pescadores perderam seu meio de subsistência e até hoje convivem com a incerteza sobre a segurança da água e dos alimentos.

A recuperação do Rio Doce é um processo complexo e de longo prazo. Ações de reparação estão em andamento, mas os efeitos da contaminação por metais como arsênio e mercúrio ainda são objeto de estudo e preocupação. O rio, que era fonte de vida para dezenas de municípios, tornou-se um símbolo da vulnerabilidade dos recursos hídricos frente à atividade de mineração.

Rio Iguaçu: a contaminação que chega às cataratas

Na região metropolitana da capital paranaense, o rio já apresenta níveis elevados de contaminação
Werni de pixabay

Famoso mundialmente por abrigar as Cataratas do Iguaçu, uma das maravilhas naturais do planeta, o Rio Iguaçu também sofre com a poluição. Sua jornada de mais de 1.300 quilômetros, que começa na região de Curitiba, no Paraná, é marcada pelo recebimento de esgoto urbano, lixo e defensivos agrícolas.

Na região metropolitana da capital paranaense, o rio já apresenta níveis elevados de contaminação. A situação se agrava à medida que ele atravessa áreas de intensa atividade agrícola, onde o escoamento de agrotóxicos e fertilizantes contaminam a água. Esses produtos químicos afetam a fauna aquática e podem comprometer a qualidade da água para consumo humano.

A espuma amarelada e densa que por vezes aparece em suas quedas d’água, inclusive nas cataratas, é um sinal visível dessa degradação. O fenômeno é causado pela combinação de esgoto e outros poluentes. A pressão do turismo e da agricultura exige um plano de manejo robusto para garantir que a beleza do Iguaçu não esconda um rio doente.

Rio das Velhas: a ameaça ao “Velho Chico”

Desde sua nascente, em Ouro Preto, o rio recebe uma carga pesada de poluentes
Luan Oliveira de Getty Images

Principal afluente do Rio São Francisco, o Rio das Velhas é vital para o abastecimento de mais da metade da população da região metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, ele enfrenta uma degradação severa, causada principalmente pelo lançamento de esgoto sem tratamento e por resíduos da atividade de mineração.

Desde sua nascente, em Ouro Preto, o rio recebe uma carga pesada de poluentes. Em seu trecho mais crítico, ao passar por Belo Horizonte, a qualidade da água despenca, tornando-se imprópria para diversos usos. A poluição compromete o abastecimento e também todo o ecossistema que depende dele.

Como consequência, a contaminação do Rio das Velhas impacta diretamente a saúde do Rio São Francisco, um dos mais importantes do Brasil.

Baía de Guanabara: um ecossistema à beira do colapso

A poluição transformou grandes áreas da baía em um ambiente com baixo oxigênio, afetando drasticamente a vida marinha
jason hu de Pexels

Cartão-postal do Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara é, na verdade, um complexo ecossistema alimentado por dezenas de rios e canais. Infelizmente, a maioria desses rios chega à baía carregada de esgoto, lixo e resíduos industriais de uma região metropolitana com mais de 12 milhões de habitantes.

A poluição transformou grandes áreas da baía em um ambiente com baixo oxigênio, afetando drasticamente a vida marinha, incluindo os manguezais, que funcionam como berçários para muitas espécies. O acúmulo de lixo flutuante é um dos problemas mais visíveis, gerando imagens que contrastam com a beleza natural do entorno.

Promessas de despoluição, especialmente as feitas para os Jogos Olímpicos de 2016, não foram cumpridas em sua totalidade. Embora existam estações de tratamento, grande parte do esgoto ainda é despejada sem tratamento adequado. A recuperação da Baía de Guanabara é um dos maiores desafios ambientais do Brasil, exigindo uma solução integrada para o saneamento de toda a região.

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