5 dicas para comprar pacotes de viagem on-line com mais segurança

Antes de fechar um pacote de viagem reserve um tempo para pesquisar e entender as condições

O caso da 123 Milhas acendeu um alerta para milhões de brasileiros que sonham em viajar. A suspensão de pacotes e a dificuldade de ressarcimento de clientes transformaram a expectativa de férias em um pesadelo financeiro e emocional. O episódio, que culminou em um dos maiores processos de recuperação judicial do país, expôs a vulnerabilidade dos consumidores no mercado de turismo on-line.

Este cenário de incerteza deixou uma lição importante. Para evitar que a compra de um pacote de viagem se torne uma fonte de estresse, é fundamental adotar uma postura mais crítica e atenta. Com alguns cuidados simples, é possível aumentar a segurança da transação e proteger seus direitos, garantindo que o único foco seja aproveitar o destino escolhido.

1. Verifique a reputação da empresa

A primeira etapa, antes mesmo de se encantar por uma oferta, é investigar a fundo o histórico da agência de viagens. Uma pesquisa detalhada pode revelar muito sobre a forma como a empresa trata seus clientes e resolve problemas. Não se limite a visitar o site oficial da companhia, que naturalmente exibirá apenas informações positivas.

Consulte plataformas de avaliação de consumidores, como o Reclame Aqui. Analise o volume de queixas, o tempo de resposta e, principalmente, o índice de solução dos problemas. Uma empresa com muitas reclamações não resolvidas ou com respostas padronizadas que não atendem às demandas dos clientes é um sinal de alerta.

Outra fonte de informação são os órgãos de defesa do consumidor. Verifique se o nome da agência consta em listas de empresas com processos nos Procons estaduais. Uma busca por notícias relacionadas ao CNPJ da companhia também pode trazer à tona eventuais problemas judiciais ou financeiros que não são divulgados abertamente.

É recomendável ainda verificar se a agência está registrada no Cadastur, o sistema de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor de turismo, mantido pelo Ministério do Turismo. Embora o cadastro não elimine todos os riscos, ele indica que a empresa atua de forma regularizada perante o órgão federal.

2. Desconfie de ofertas milagrosas

Preços muito abaixo da média do mercado devem ser vistos com ceticismo. Campanhas promocionais agressivas podem ser uma estratégia legítima, mas também podem mascarar modelos de negócio insustentáveis ou até mesmo golpes. A regra do “quando a esmola é demais, o santo desconfia” é perfeitamente aplicável aqui.

Companhias aéreas e redes de hotéis têm custos operacionais que não permitem descontos irreais de forma contínua. Ofertas com 50% ou 70% de desconto em relação aos concorrentes precisam ser analisadas com cuidado. Muitas vezes, esses valores se baseiam em condições muito restritas ou em modelos de negócio de alto risco, como a compra e venda de milhas, que deixam o consumidor desprotegido.

Fique atento a promoções com um senso de urgência exagerado, como cronômetros regressivos ou avisos de “últimas unidades disponíveis”. Embora sejam técnicas comuns de marketing, quando usadas de forma excessiva podem pressionar o consumidor a tomar uma decisão impulsiva, sem tempo para pesquisar a reputação da empresa ou ler o contrato.

Outro ponto de atenção são os pacotes com “datas flexíveis”, como os que se popularizaram no caso da 123 Milhas. A promessa de viajar em um período futuro por um preço baixo pode ser atraente, mas embute um risco. O consumidor paga antecipadamente sem ter a garantia da emissão dos bilhetes ou da reserva do hotel, ficando dependente da capacidade da empresa de honrar o compromisso meses depois.

Viagens marcadas de forma digital envolvem riscos que podem ser evitados com a pesquisa
(Foto: Freepik)

3. Leia o contrato com atenção

Pode parecer uma tarefa cansativa, mas ler o contrato de prestação de serviços antes de finalizar a compra é uma das atitudes mais importantes para a sua segurança. É neste documento que estão todas as regras da transação, incluindo os seus direitos e deveres, bem como os da empresa.

Procure por cláusulas sobre cancelamento, reembolso, multas e alterações de voos ou hospedagem. Entenda quais são as condições para desistir da compra e se há devolução integral dos valores pagos. Termos vagos ou ambíguos podem esconder armadilhas que, em caso de problemas, limitarão suas opções.

É fundamental compreender quem são os responsáveis por cada parte do serviço. O contrato deve deixar claro qual é o papel da agência (intermediária) e quais são as responsabilidades da companhia aérea e do hotel (fornecedores finais). Verifique também o CNPJ e o endereço físico da empresa. Essas informações são essenciais para uma eventual notificação legal.

Se o contrato mencionar o uso de milhas para a emissão de passagens, o cuidado deve ser redobrado. Verifique se o documento especifica as condições dessa operação e quais são as garantias oferecidas caso a emissão não seja concretizada.

4. Prefira pagar com cartão de crédito

O método de pagamento pode ser um grande aliado em caso de problemas. Sempre que possível, opte por usar o cartão de crédito para a compra de pacotes de viagem online. A principal vantagem é o mecanismo de segurança conhecido como chargeback, ou contestação da compra.

Se a empresa não cumprir o contrato, seja por não entregar o serviço ou por falir, o consumidor pode solicitar o estorno do valor diretamente à operadora do cartão. A administradora irá intermediar a disputa com a loja. Se o direito do cliente for comprovado, o valor é creditado de volta na fatura.

Pagamentos via Pix, transferência bancária ou boleto são mais difíceis de reaver, pois o dinheiro sai diretamente da sua conta para a conta da empresa. Nesses casos, a recuperação do valor depende da boa vontade da companhia ou, em situações mais graves, de uma longa disputa judicial. O chargeback do cartão de crédito é uma proteção mais ágil e eficaz.

Evite também fazer pagamentos em contas de pessoas físicas ou para empresas cujo nome não corresponda ao da agência de viagens. Essa prática é um forte indício de fraude e dificulta o rastreamento do dinheiro e a responsabilização dos envolvidos.

5. Guarde todos os comprovantes

Desde a primeira interação até a confirmação final da compra, documente tudo. Essa organização é crucial para comprovar o que foi acordado e pode ser decisiva para garantir seus direitos caso algo dê errado. Não confie apenas em promessas verbais ou em informações que podem ser alteradas no site da empresa.

Guarde e-mails de confirmação, salve conversas em aplicativos de mensagens e tire capturas de tela da página da oferta, com a descrição detalhada do pacote, preços e condições. O contrato de prestação de serviços deve ser salvo em um local seguro, assim como o comprovante de pagamento.

Esses registros são suas provas em caso de descumprimento do que foi prometido. Se precisar acionar o Procon, abrir um processo judicial ou solicitar o chargeback no cartão de crédito, a apresentação dessa documentação será fundamental para embasar sua reclamação.

Crie uma pasta específica no seu e-mail ou no seu computador para armazenar todos os arquivos relacionados à viagem. É um arquivo de segurança que, embora você espere nunca precisar usar, oferece uma camada extra de tranquilidade e pode ser a chave para resolver problemas de forma mais rápida e eficiente.

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