A notícia de um vendedor ambulante preso no Rio de Janeiro por cobrar mais de R$ 2 mil por uma caipirinha acendeu um alerta para muitos viajantes. O caso, ocorrido em uma das cidades mais visitadas do Brasil, joga luz sobre as armadilhas que podem transformar uma viagem dos sonhos em um grande prejuízo financeiro e emocional.
Embora situações extremas como essa não sejam a regra, elas expõem uma série de práticas desonestas que visam especificamente os turistas. Conhecer esses golpes é o primeiro passo para se proteger e garantir que as únicas surpresas da sua visita à Cidade Maravilhosa sejam as boas. Para ajudar, listamos as abordagens mais comuns e como se prevenir de cada uma delas.
1. Cobranças abusivas em quiosques e com ambulantes
O golpe da caipirinha superfaturada é um exemplo claro desta categoria. A prática consiste em inflar o preço de produtos e serviços, aproveitando-se da distração ou da falta de conhecimento do turista sobre os valores locais. Isso pode acontecer com comidas, bebidas, aluguel de cadeiras de praia ou até mesmo em corridas de aplicativo com valor “negociado” fora da plataforma.
Leia: Turista francês é vítima do golpe “Boa Noite Cinderela” no Rio de Janeiro
Uma variação comum é a da maquininha de cartão. O vendedor digita um valor muito superior ao combinado e entrega o aparelho para o cliente inserir a senha rapidamente, contando que ele não vai conferir o visor. Em outros casos, a cobrança vem em uma moeda estrangeira sem o conhecimento do comprador, resultando em uma conversão desfavorável.
Para evitar essa cilada, sempre pergunte o preço antes de consumir qualquer coisa. Se possível, peça para ver o cardápio. Na hora de pagar com cartão, confira com atenção o valor digitado na tela da maquininha antes de digitar sua senha. Desconfie de ofertas que parecem boas demais e evite negociar valores por fora das plataformas oficiais de serviços.
2. Guias turísticos falsos e passeios “exclusivos”
Nas proximidades de pontos turísticos famosos, como o Pão de Açúcar ou o Cristo Redentor, é comum ser abordado por pessoas que se apresentam como guias credenciados. Eles oferecem passeios com a promessa de “furar a fila”, acesso a locais restritos ou descontos que não existem. Muitas vezes, cobram um valor adiantado e desaparecem em seguida.
Leia: Homem é preso no Rio por pintar feijão de verde para aplicar golpes
Outra abordagem é a venda de pacotes de passeios com preços muito abaixo do mercado. O turista paga por um serviço que nunca será entregue ou que tem uma qualidade muito inferior à prometida, com transporte inadequado e sem a estrutura de segurança necessária. O barato, nesse cenário, pode sair muito caro e até perigoso.
A melhor forma de se proteger é contratar passeios e guias apenas em agências de turismo com endereço físico, em quiosques oficiais ou por meio de plataformas online com boa reputação e avaliações de outros usuários. Verifique sempre se o guia possui a credencial do Cadastur, registro obrigatório para profissionais da área, emitida pelo Ministério do Turismo.
3. O golpe da distração para furtos
Este é um clássico em grandes cidades turísticas ao redor do mundo e exige atenção redobrada em locais de grande movimento, como a orla de Copacabana, a Lapa ou feiras de rua. O golpe funciona em equipe: enquanto uma pessoa cria uma distração, a outra realiza o furto. A tática pode variar bastante, mas o objetivo é sempre o mesmo.
Alguém pode “acidentalmente” esbarrar em você ou derrubar algo em sua roupa para chamar sua atenção. Enquanto você está focado no incidente, um cúmplice aproveita o momento para pegar carteira, celular ou bolsa. Outra tática envolve crianças ou vendedores insistentes que cercam o turista, criando uma confusão para que o furto aconteça sem ser percebido.
A prevenção exige vigilância constante. Mantenha bolsas, mochilas e sacolas sempre à frente do corpo e com os zíperes fechados. Evite usar o celular no bolso de trás da calça e não deixe objetos de valor sobre mesas de bares e restaurantes. Desconfie de abordagens estranhas ou tumultos repentinos ao seu redor e, se necessário, afaste-se do local.
4. Taxímetros adulterados e rotas mais longas
Apesar da popularização dos aplicativos de transporte, os táxis ainda são uma opção para muitos turistas. Infelizmente, alguns motoristas mal-intencionados se aproveitam da falta de familiaridade do passageiro com a cidade para aplicar golpes. O mais comum é o uso de um taxímetro adulterado, que registra um valor acima do real, ou a escolha deliberada de um caminho muito mais longo.
O motorista pode alegar que precisa desviar de um engarrafamento inexistente ou que determinada rua está interditada para justificar o trajeto maior. Como o turista não conhece a cidade, acaba acreditando e pagando uma corrida com o preço inflado. Alguns também se recusam a ligar o taxímetro e tentam “negociar” um valor fechado, quase sempre desvantajoso para o passageiro.
Para se precaver, dê preferência a aplicativos de transporte, que definem o valor e a rota previamente. Se precisar pegar um táxi, procure os pontos oficiais em aeroportos e na rodoviária ou utilize cooperativas conhecidas. Antes de entrar no carro, confirme se o motorista vai ligar o taxímetro. Durante o trajeto, acompanhe a rota por um aplicativo de mapas no seu celular.
5. A oferta de “brindes” que viram cobrança
Essa abordagem é sutil e explora a boa educação do turista. Uma pessoa, muitas vezes simpática e sorridente, se aproxima e oferece um “presente”, como uma fitinha do Bonfim, um pequeno artesanato ou até mesmo oferece para tirar uma foto sua. A vítima aceita o item ou a gentileza, acreditando ser um gesto de hospitalidade.
Assim que o “brinde” é aceito, o comportamento do golpista muda. Ele passa a exigir um pagamento pelo item, muitas vezes de forma agressiva e constrangedora. A pessoa alega que o produto é seu sustento e pressiona o turista a dar algum dinheiro. A situação causa um mal-estar e, para se livrar do incômodo, muitos acabam pagando o valor exigido.
A regra aqui é simples: não aceite nada que for oferecido de graça na rua por estranhos. Recuse educadamente com um “Não, obrigado(a)” e continue andando. Não se sinta pressionado a aceitar algo por educação. Lembre-se que gestos de generosidade espontânea são raros nesse contexto e, na maioria das vezes, escondem uma segunda intenção.









