Figuras feita de vinil, com design arrojado e cores vibrantes, criadas por artistas contemporâneos. Não são brinquedo para crianças, mas itens de colecionador que pode custar centenas ou até milhares de reais. Este é o universo dos art toys, peças que borram a fronteira entre arte, design e cultura pop, e que se tornaram uma verdadeira febre global.
O fenômeno ganhou um novo capítulo com a recente colaboração entre a Coca-Cola e a Pop Mart, criadora do icônico personagem Labubu. A parceria, focada em engajar o público jovem, mostra como grandes marcas estão reconhecendo o poder desses objetos. Eles não são apenas produtos, mas símbolos de status, objetos de decoração e até uma forma inteligente de investimento.
A ponte entre a arte e o colecionismo
Os art toys surgiram no final dos anos 1990, em Hong Kong e no Japão, como uma forma de artistas urbanos e ilustradores levarem sua criatividade para um formato tridimensional. As peças, geralmente produzidas em edições limitadas, transformaram figuras de vinil, resina ou madeira em telas em branco para a expressão artística.
Diferente dos brinquedos produzidos em massa, cada art toy carrega a assinatura de seu criador. O valor não está na brincadeira, mas no conceito, no design exclusivo e na raridade. A produção em pequena escala garante que cada lançamento seja um evento aguardado por uma comunidade engajada de fãs e colecionadores.
Essa exclusividade é o que alimenta o mercado. As séries são numeradas, e uma vez que se esgotam, só podem ser encontradas em mercados secundários, muitas vezes por valores bem superiores ao original. Isso cria um ciclo de desejo e valorização que atrai tanto apaixonados por arte quanto investidores.
O perfil de quem coleciona
O público dos art toys é formado principalmente por jovens adultos, das gerações Z e Millennial, que cresceram imersos em referências de animes, videogames e desenhos animados. Para eles, colecionar essas peças é uma forma de se conectar com a nostalgia, mas com um olhar sofisticado e voltado para o design.
Um dos motores desse mercado é o modelo de “blind box” ou caixa surpresa, popularizado por empresas como a Pop Mart. O consumidor compra uma caixa sem saber qual personagem de uma determinada série virá dentro. A emoção da descoberta e a busca por completar a coleção inteira, incluindo os itens raros, gamifica a experiência de compra.
Essa estratégia transforma o ato de colecionar em uma caça ao tesouro moderna. A incerteza e a possibilidade de encontrar uma figura rara geram um forte engajamento e incentivam a interação entre os colecionadores, que trocam e vendem peças em comunidades online para alcançar seus objetivos.
Colaborações que impulsionam o mercado
As parcerias entre marcas e artistas são fundamentais para o crescimento exponencial dos art toys. A união da Coca-Cola com a Pop Mart é um exemplo claro dessa estratégia. A gigante de bebidas empresta sua identidade visual e alcance global a um ícone da cultura pop asiática, o Labubu, criando um produto que atrai tanto os fãs da marca quanto os colecionadores de art toys.
Essas colaborações funcionam como um selo de validação. Quando uma grife de luxo, um artista musical famoso ou uma corporação global se associa a um designer de art toys, o objeto transcende seu nicho. Ele passa a ser visto como um item culturalmente relevante, desejado por um público muito mais amplo.
Marcas de moda, estúdios de cinema e até museus já entraram nesse universo. Essas parcerias criam peças únicas que misturam universos distintos, resultando em colecionáveis que contam uma história e carregam o prestígio de todos os envolvidos, o que naturalmente eleva seu apelo e seu valor de mercado.
Art toys como investimento cultural e financeiro
Para muitos, a aquisição de um art toy vai além do hobby e se torna um investimento. A lógica é a mesma de outros mercados de colecionáveis, como tênis raros ou obras de arte. A escassez, combinada com a crescente demanda, faz com que o valor de certas peças dispare com o tempo.
Figuras de artistas renomados podem ser leiloadas por valores impressionantes anos após seu lançamento. Colecionadores experientes monitoram o mercado, acompanham novos talentos e buscam peças que tenham potencial de valorização, tratando seus acervos como uma carteira de ativos alternativos.
Assim, essas pequenas figuras encapsulam grandes tendências de consumo, arte e comportamento. O que começou como um movimento de contracultura se consolidou como um mercado vibrante e global, provando que a arte pode, sim, vir em pequenas caixas.











